Léo Mancini levando sua música para os palcos do mundo.

Leo Mancini 01
Fanatic Media Group: Gostaria de começar falando sobre “Love Reaction”, sua música autoral. Ela foi lançada depois de quase 20 anos de carreira. Houve algum motivo especial para gravar somente agora?
Leo Mancini: Na verdade, comecei mais cedo ainda, tenho mais de 25 anos de carreira. Eu sempre compunha para bandas de Heavy Metal, de rock, de hard rock... Na época eu tocava no Tempestt, mas tive bandas antes.
Por exemplo, o primeiro CD do Tempestt, “Bring ‘Em on”, foi finalizado em 2006. Só que a gente vem compondo deste 2001, 2002... Os arranjos fomos fazendo com tempo, porém cerca de 90% das músicas, melodias e letras são minhas.
Esta música eu comecei a tentar fazer alguma coisa na linha acústica, pois depois de um tempo fazendo o projeto “Acoustic Hits”, com as releituras, pensei em começar a fazer alguma coisa autoral.
A música saiu em inglês e chama-se “Love Reaction”. Eu escrevi para a Paula, minha esposa.
Fazer em inglês foi muito legal, com muita aceitação. Teve mais de 260 mil execuções no Spotify e agora estou compondo mais quatro músicas. Vou gravar o clipe e vou lançar um single de cada uma delas.
FMG: Há uma diferença de estilos entre seus cds acústicos e sua participação como guitarrista no Shaman/Noturnall. Como surgiu a ideia de abrir mão dos amplificadores?
LM: Eu comecei tocando guitarra, comecei bem novo, queria ser guitarrista de banda, inclusive fui bastante.
Mas como tinha os amigos que tocavam em pubs e barzinhos, eles me convidaram para fazer alguns acústicos.
Nessa época, não era nem 2000 ainda, provavelmente era 96, 95, não tinham muitos shows acústicos ainda, então a gente fazia shows neste formato.
Tínhamos um trio que chamava “Acoustic Company”, que fazia várias releituras. Eram 3 violões, e de vez em quando fazíamos 2 violões e baixo.
Nisso comecei a tocar à noite e gostava bastante, desde cedo eu comecei a fazer isso.
Depois veio o Tempestt, a gente tocava na noite fazendo Classic Rock, em seguida virou uma banda autoral.
Depois do Tempestt veio o convite para o Shaman que em seguida se tornou Noturnall.
Durante o Shaman, eu fui convidado a gravar um cd de releituras. Na verdade eu não queria gravar, pois eu falava que era guitarrista, não era frontman, só que o pessoal da gravadora me convenceu e eu gravei esse cd. E felizmente a Som Livre se interessou, este cd foi lançado em parceira com a Som Livre e depois minha carreira no acústico começou a vingar mais do que o Metal, pois começaram a me chamar para eventos, coisas bem bacanas. Eventos corporativos, eventos sociais, o que começou a movimentar bastante esse meu lado acústico.
E é muito mais fácil pegar o violão e ligar direto na mesa de som do que ligar a guitarra no pedal, pedal no amplificador, amplificador no microfone. E aquela barulheira, todo mundo tocando alto pra caramba.
Estou ficando velho né? (risos). Brincadeira, eu gosto muito de tocar guitarra.
FMG: Já que citamos o Shaman, como surgiu o convite para participar da banda? Lembrando que os fãs do Metal brasileiro muitas vezes não aceitam mudanças, houve uma boa recepção dos fãs?
LM: Eu estava acabando de finalizar o cd do Tempestt para lançar. Aí o Thiago Bianchi, que eu já conhecia pois tínhamos feito alguns trabalhos juntos, já tinha gravado no estúdio dele e tínhamos feito algumas parcerias, falou que o Ricardo Confessori estava querendo remontar a banda, e queria juntar um pessoal.
Na verdade o Thiago ia ser o produtor da banda, não ia ser nem o vocalista. Neste processo, começaram a acessar alguns músicos, guitarristas, quando o Thiago me falou: "Leo, você não quer fazer um teste?".
Respondi que estava tocando Hard Rock, que não era metaleiro. Sou do Hard Rock, toco coisas mais do estilo Whitesnake, Van Halen.... E o Metal Melódico, Power Metal, apesar de gostar de muitas coisas de Power Metal, não era a minha especialidade.
Mas como eu gostava do trabalho do Shaman, tinha um respeito pela banda, e gostava muito do Ricardo tocando, ia ser um prazer tocar com ele. Acabei estudando umas músicas , inclusive umas músicas do Angra, que fazia parte da audição.
Fui lá fazer o teste. Fui ficando, eles foram gostando, aí fiquei. Lançaram o primeiro cd da formação, realmente o pessoal teve 40% de aceitação, 40% rejeitou e 20% em cima do muro, do tipo "ah, legal, não sei".
E você tem razão, foi um período difícil , porque a banda era uma banda muito boa mas realmente eram 3 membros diferentes. Então logicamente não dava a mesma sonoridade. A sonoridade e a produção também, porque a produção era do Thiago, toda feita por ele. Então o que tinha lá era a mediação do Confessori, que estava acostumado com o trabalho da banda.
O Confessori mediava mais ou menos como que o arranjo soaria para os fãs. Acabou sendo uma experiência muito legal, porque quando a gente ia fazer show o pessoal passava a respeitar a banda, porque eram músicos muito bons e a gente se dedicava bastante no show.
Mas essas coisas foram mudando, então no segundo cd , nos dvds que a gente fez, a gente tinha uma aceitação bem melhor. Já tínhamos mais de 70% de pessoas aprovando, e uns em cima do muro e tal, mas sempre tem o grupinho que não gosta de mudança. E eu respeito pra caramba, porque a primeira formação era genial , o primeiro trabalho do Shaman era animal. Gosto demais dos caras, conheço os caras, respeito muito e foi um prazer estar na banda, fazer parte desta história.
Leo Mancini 02
FMG: O cd Acoustic Hits 2 conta com participações da cantora Deborah Blando e de Saulo Vasconcelos. Como foi realizada essa escolha?
LM: Eu trabalhei com a Deborah um tempo, nós viramos amigos. Trabalhei com ela em 2013 e em alguns shows que a gente fez.
Era uma fase que ela estava trabalhando com música eletrônica, guitarra e percussão. Nós fazíamos um show muito louco e nos tornamos bem amigos.
Ela é uma super artista, uma grande cantora e eu quis chama-la para o meu cd. Ela aceitou na hora, gravou “Woman in Chains”, um trabalho lindo aqui em estúdio, ela detonou.
Essa música foi a que eu demorei mais tempo para fazer a edição, porque o “Accoustic Hits 2” fiz toda a parte de gravação, engenharia de som, mixagem, masterização... Essa música realmente eu acho que foi a que me deu mais trabalho. Quando digo trabalho, na verdade me refiro que fico criando, escutando “coisinha” e cada hora que eu escuto uma coisa eu quero mudar. Então, com a Deborah foi assim. Eu ficava escutando a música e "não, essa parte tem que ficar... A voz tem que ter... Essa palavra tem que ficar mais forte". Aí aumentava aquela palavra. "Não, essa palavra ela canta muito forte, vou abaixar um pouquinho. Não, essa parte eu cantei muito forte, vou abaixar". Então eu ficava controlando cada volume de sílaba. Para chegar onde eu queria, demorou bastante. Foi lindo!
Já o Saulo é meu irmão , nós nos conhecemos há bastante tempo, porque ele é muito amigo da minha esposa, da Paula, e a gente virou irmão. É um cara que eu respeito, tem uma voz incrível . O cara é gênio, sempre um prazer estar com o Saulo no palco, uma super honra. Tenho um projeto com ele chamado "Sharing voices", no álbum gravamos aquela música que todo mundo pede nos shows de banda cover, que é a música do Talking Heads, Psyco Killer.
Resolvi fazer uma versão diferente, falei assim: “Ah vou falar para o Saulo fazer a parte em francês, só que em ópera”. E ele chegou 9:00 da manhã aqui e cantou aquilo daquela forma. Para você ver o naipe dele, canta para caramba!
FMG: Já que citamos escolhas.... Qual artista você gostaria que participasse de alguma música que você já gravou? Por quê?
LM: Eu conheci o Thiago Abravanel, nós participamos juntos de um "Sharing Voices" que a gente o convidou e ele aceitou.
Ele veio cantar com a gente, com uma energia incrível, uma voz fantástica, uma alegria.... Além de ser um super performer no palco, ele domina.
No começo desse ano eu fui convidado para participar em um festival em Cunha, com vários convidados, e eu era um deles.
Tinham convidado o Ed Motta, o Thiago Abravanel e eu. Eram 3 dias de shows com várias bandas e cada banda convidava um artista. Novamente eu assisti o show da banda Big Time Orchestra, com uma participação do Thiago Abravanel. E ele arrebentou. Depois conversamos no Backstage e falei "Cara, eu fiz uma música em português”. O Thiago gosta muito de cantar em português, em inglês ele tem um certo receio.
Como eu tinha feito uma música em português, que não é uma coisa muito natural para mim, mas saiu desta forma, mostrei para ele e ele curtiu. Quero chamá-lo para ver se ele aceita gravar comigo. Eu acho que vai rolar. É isso aí!
FMG: Como foi a experiência de trabalhar com Alírio Netto e Lívia Dabarian no musical Freddie Mercury Revisited?
LM: Foi muito bacana, um projeto de muita responsabilidade. Estamos apresentando uma banda que é o Queen, uma das nossas influencias.
É uma banda que todo mundo respeita, o pessoal que gosta de Queen , gosta de música boa. Normalmente o pessoal que vai lá é para ver algo de alto nível e stávamos em 5: o Alírio e a Lívia, que são grandes cantores, foram os protagonistas do "We will rock you - O musical" aqui no Brasil. E agora o Alírio foi chamado para ser o vocalista do Queen Extravaganza , para você ver o naipe do artista que ele é.
O Queen Extravaganza é a banda tributo oficial do Queen, tanto que é anunciada na página do Queen. Na página oficial, quando você vai na web page, estão as datas do Queen Extravaganza.
Foi muito bacana, nos empenhamos muito, tinha o Juninho Carelli no piano, o Fernando Quesada na percursão, violão e baixo, e os dois cantores, Alírio e a Lívia.
Eles fizerem dois shows assim, em teatros grandes, primeiro fizeram no teatro Bradesco, depois me chamaram para entrar no projeto. Realizamos uma nova apresentação no Teatro Bradesco, agora com 5 integrantes, e também nos apresentamos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que foi sensacional, estava lotado. Agora tivemos que dar uma pausa porque o Alírio está nesta turnê com o Queen Extravaganza, talvez a gente retorne outros trabalhos no final do ano ou no começo do ano que vem.
Leo Mancini 03
FMG: Quais são seus novos projetos?
LM: Tenho vários, eu não paro de criar projetos, estou até ficando doido. (risos)
Eu tenho um projeto chamado "Redneck Rock", que tem uma formação de contrabaixo acústico com o Neymar Dias, que também faz vocal e backing vocal, banjo americano, estilo country , com o Edson Moreira que canta também, e eu faço violão e voz.
Fazemos releituras de músicas que vão desde Beatles, passam por Deep Purple.... Tudo nessa formação que fica bem bacana, com uma sonoridade bem legal. Fizemos agora alguns shows e vamos fechar mais.
Tenho mais um show que eu não posso divulgar agora, mas é um show grande para caramba, em um teatro grande, com dois amigos conhecidos. Tem um conhecido mundialmente, que eu não posso falar agora, mas futuramente posso divulgar, além do meu projeto solo, que estou lançando agora essas quatro músicas.
Serão lançadas uma de cada vez, e provavelmente vocês vão ouvir na Alpha FM. Fora isso, também tenho um trabalho do Tempestt que está parado desde 2009. Estamos com um cd quase pronto e como cada integrante está fazendo várias coisas, pois o pessoal do Tempestt também toca em outras bandas, inclusive de outro país, ficamos nos encontrando de tempos em tempos pra andar mais um pouquinho o projeto. Espero que esse ano a gente consiga finalizar completamente o cd . Também estou preparando um show para o segundo semestre com o reportório dos meus dois “Accoustic hits”, vou fazer uma seleção do melhor deles, e incluir uma sessão de cordas, com piano e percussão também, como foi a gravação mesmo. Vou fazer o arranjo na veracidade, como foi composto, para o segundo semestre.
Por : Priscila Velasco e André Bona

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