Uma conversa franca com a banda Drenna.







Fanatic Media Group: Quando e como a banda foi formada e quais mudanças de formação a banda já teve?

Drenna: A banda foi formada em 2009 no bairro de Olaria – RJ.
A vocalista Drenna, já tivera algumas bandas antes e tinha algumas músicas engavetadas quando surgiu a oportunidade de tocar em festival. Mesmo sem banda, ela decidiu
que iria tocar e chamou o baterista Milton Rock pra tocar com ela. Até então seria um Duo.
Mas um dia antes do festival, dois amigos disseram que queriam participar do projeto e foi
tão legal a apresentação que essa formação permaneceu durante um bom tempo.
De lá pra cá houveram algumas mudanças. Em 2014, entraram Junior Macedo na guitarra e Bruno Moraes no Contra-baixo. Desde então a formação é essa: Drenna Rodrigues (vocal e guitarra),Milton Rock (bateria), Junior Macedo (guitarra) e Bruno Moraes (baixo).
FMG: Como foi o início da banda? Tiveram muitas dificuldades de criar um público e fazer shows?

Drenna: Nenhum início é fácil. A ralação é intensa e continuará sendo. É importante focar,
buscar conhecimento de mercado e estar sempre em contato com os fãs.
Quanto aos shows sempre abraçamos a filosofia do “do it yourself”. Se não está
rolando nada, vamos lá e criamos a oportunidade. Por esse motivos acabamos
conhecendo muitas bandas que tinham a mesma filosofia e criavam suas próprias
oportunidade e acabamos virando brothers dos mesmos. Hoje em dia, estamos
numa correria intensa de festival em festival. Um crescimento que aconteceu de
forma natural.

FMG: Como é o processo de composição das músicas da banda? Quem compõe as letras e quem faz a parte musical em si? Normalmente as letras saem primeiro?

Drenna: O método de composição foi mudando com o passar do tempo mas na verdade
nunca houve um jeito pré-estabelecido. No começo da banda, a Drenna Rodrigues
era quem fazia as letras e a harmonia, e o restante do arranjo ficava por conta da banda.
Pro nosso álbum mais recente, mudamos um pouco essa forma. Queríamos que
todos participassem de todo o processo. Desde a escrita, hamornia e o arranjo.
Nesse álbum, a maioria das letras foram feitas em conjunto mas também há letras só da Drenna.
Também rolaram parcerias vinda de fora da banda, como nas músicas: “Navego” (parceria entre Drenna Rodrigues e Edu Avelino) e Alívio (parceria entre Drenna Rodrigues e Rafael Lima).


FMG: A banda é conhecida por ser uma banda de estrada. Como é feito este trabalho de venda de shows e contatos? Como tem sido a recepção do novo rock feito no RJ por todo Brasil?

Drenna: Temos alguns parceiros que agenciam nossos shows e que nos ajudam de
forma geral. Mas somos uma banda muito ativa, e estamos presente em tudo que podemos.
A receptividade quanto ao rock carioca tem sido excelente. Não podemos dar parâmetros,
mas tá rolando muito bem.

FMG: Quais os festivais a banda já tocou e como é a recepção das bandas locais?

Drenna: Já tocamos no Fejacam (Paraná), Festival da canção de Paracatu (MG), Circuito
Banco do Brasil (apoteose – RJ), Planeta Rock ( Rio Preto - São Paulo), Fun Music
(RJ e SP), Rio Artmix (Vivo Rio), Festival do Sol (Natal), Festival Ponto CE (Fortaleza
– Ceará)...
As bandas locais nos recebem muito bem. Somos uma banda que gostamos de
conversar, trocar experiências e sentimos que esse sentimento na maioria das vezes é
recíproco.

FMG: O fato de ter uma mulher no front da banda já causou alguma saia justa ou problema? O número de mulheres na frente de uma banda de rock tem aumentado, mas ainda é um número pequeno, a que atribuem isto?

Drenna:Nunca causou nenhum problema ou saia justa, afinal, por que causaria?
Não sei realmente o motivo de existirem um número pequenos de mulheres
como front woman no mainstream, no entanto, aqui no Rio de Janeiro conhecemos
bastante.

FMG: Como a banda vê o momento atual do rock underground no Brasil e em especial no RJ?

Drenna: Estamos vivendo um momento de muita criação. Existem muitos artistas e
bandas fazendo trabalhos excepcionais. Existe uma cena rock aqui, mas cada
banda tem sua característica musical, sua identidade, e isso é muito bom.



FMG: A banda faz parte no RJ do movimento A Cena Vive, como foi que surgiu?

Drenna: Foi de forma muito natural, como disse anteriormente, somos uma banda que se
nada acontece, vamos fazer acontecer, e acabamos conhecendo outras bandas que
seguiam essa mesma ideia. Com o passar do tempo cada banda criou seu próprio evento
e uma frequentava o evento da outra, tocando ou não, estávamos lá. Pensamos em
ampliar a ideia, tentar criar um movimento onde as bandas do RJ se ajudassem ao invés
de tentar competir uma com a outra.


FMG: Quais as metas e maiores conquistas que este movimento já teve?

Drenna: Aí que tá, o movimento era apenas uma ideia filosófica. Nunca chegou a ser um
coletivo nem nada assim. Muita gente achou que era mas nunca foi. O objetivo era
simples, com hashtag "#Acenavive", toda banda autoral seria facilmente localizada pela internet e isso ajudaria a unir as bandas, criar um elo, fazer as bandas se conhecerem e com isso
fomentar mais e mais oportunidades.
Conseguimos visibilidade pras bandas do RJ e muitas bandas do Brasil inteiro passaram
a usar a hashtag.

FMG: A banda vive muito tempo na estrada e com certeza tem ótimas histórias para contar. Qual o maior perrengue que a banda já passou?

Drenna: Já rolou muita coisa. Podemos citar o baixista, Bruno Morais, esquecido num posto de gasolina como uma das mais clássicas.

FMG: Qual show foi inesquecível para a banda e por quê? E tb qual foi o que a banda quer esquecer e por quê?

Drenna: Um show inesquecível? Acho que o foi o show que fizemos no Circuito Banco
do Brasil no final de 2014. Foi o primeiro grande show com essa formação e desde
o momento que soubemos da nossa participação até a hora do show foi tudo tão
intenso que não sabemos nem descrever. Até hoje, com certeza esse foi o show que
mais nos impactou.
Um show que queremos esquecer?
Já teve um que fomos pra cobrir uma banda lá no interior de São Paulo e o show não foi divulgado nem nada, então não deu ninguém. Passou em branco. Mas serve pra nos lembrarmos de não fazermos isso novamente. Sempre tem uma lição pra aprender no final das contas

FMG: Qual a inspiração para as letras das músicas?

Drenna: Normalmente são situações que vivemos no cotidiano, sensações que sentimos
ou as vezes uma história que nos contaram. Mas a inspiração pode vir de qualquer
lugar.

FMG: O que mudou no som da banda pelos tempo de estrada?

Drenna: Acho que o amadurecimento musical é algo constante. É difícil demonstrar em
palavras o que mudou. Sabemos que nos discos anteriores havia tanta verdade quanto
nesse mais recente mas estamos sempre tentando buscar crescimento,
amadurecendo a forma de compor, caçando novos timbres, encontrando novas
formas de nos comunicar através da música. Isso vai construindo novas verdades no que fazemos.

FMG: Como foi o convite para tocar no Circuito Banco do Brasil? E qual o tamanho da importância deste evento para a banda?

Drenna: Como havia dito, esse evento marcou muito pra banda, desde o momento que
soubemos que iríiamos fazer. Não dá pra calcular a importância de um festival tão
forte como esse. Muita gente passou a nos conhecer por causa desse festival,
acho que isso já mensura um pouco o quanto ele foi importante pra nós.

FMG: Qual a principal dificuldade que uma banda underground tem hoje em dia no RJ? A falta de uma rádio que toque as bandas, a falta de casas de shows apropriadas, a violência da cidade...?

Drenna: Todos os tópicos citados são reais complicadores para as bandas. Seria
realmente incrível ter uma rádio rock na cidade, mas será que ela fomentaria a nova safra
de rock assim como a tão comentada e falecida rádio Fluminense? Vai saber... Mas mesmo que não o fizesse seria bom. Quanto as casas de shows sem estrutura, isso é
péssimo mesmo. Ninguém que ir em um lugar onde não dá pra ouvir uma palavra do
cantor diz.
Quanto a violência, eu diria que é a maior de todas as complicações, sem sombra de
dúvida. Dá pra notar os eventos cada vez mais vazios e é compreensivo que as pessoas
evitem sair de suas casas, afinal, o Rio de Janeiro nunca esteve tão abandonado quanto
nestes últimos anos.

FMG: Qual foi a importância do Imperator neste momento da cena? E como foi esta adesão?

Drenna: De importância incrível. Ter uma casa de grande porte e com tanta
importância histórica abraçar a causa e trazer oportunidades para as bandas novas, seria impossível pensar numa possibilidade dessa há 5 anos atrás. As
bandas são muito boas, a cena daqui ta fervendo e é claro que isso não passaria em
branco. A produção da casa teve visão e resolveu apostar e trazer um público novo e
jovem pra casa.

FMG: A banda acabou de lançar o CD “Desconectar”. Fale-nos sobre ele. Foi gravado na Toca do Bandido e teve a direção artística da Constança Scofield. Como foi tudo isto?

Drenna: Já tínhamos uma conversa com o Felipe Rodarte, até por conta da cena.
Começamos a mostrar as músicas pra ele e depois fomos trabalhar no estúdio.
Foi algo bem suave! Ele é um produtor tranquilo, ouve as ideias da banda e acrescenta as dele,
não é nada imposto, e pra nós como banda isso é bom. Porque queremos imprimir nossa
identidade. O que aconteceu no disco, foi um processo de amadurecimento e crescimento.
Gravar um disco é algo muito intenso. É gostoso mas também é muito cansativo.
Trabalhamos 3 meses, ensaiando e amadurecendo as músicas e depois entramos em
estúdio. O resultado saiu melhor que o esperado. Não vemos a hora de começar essa
correria novamente.
A Constança acompanhou tudo de perto, sempre esteve presente e sempre apresentou
suas ideias diretamente ao Felipe. Pra capa do álbum ela apresentou ideias, e discutimos
juntos o conceito que empregamos.



FMG: Além do nome do CD, “Desconectar” é o nome da primeira faixa. É uma necessidade que a banda tem sentido? Fale-nos dessa faixa em especial.

Drenna: Acho que é um tema que todos nós deveríamos pensar. Hoje em dia estar
conectado é algo necessário em certos casos mas é importante ter
momentos para desligar o computador, o celular e estar presente, conversar
pessoalmente e abraçar a ideia do “desconectar para conectar”. Desconectar-se
virtualmente para se conectar pessoalmente. Essa é a mensagem e é isso que queremos
falar para as pessoas.

FMG: A banda tem investido bastante em videoclipes. Como é feita a escolha das faixas e quem é responsável pela roteirização?

Drenna: Acho que se pudéssemos investiríamos muito mais. Mas vídeo é algo que
realmente dá um trabalhão. Dependendo de cada vídeo, os roteiristas vão
mudando. No caso do roteiro do vídeo de desconectar foi o Leonam Moraes, um
amigo nosso. O Vídeo de Lumiar, a Drenna Rodrigues escreveu juntamente com a
equipe da Ghost Mídia. Tem outros dois que em breve estarão no ar mas ainda é
segredo. Normalmente nosso selo Toca Discos nos ajuda a escolher as faixas.

FMG: Quais os meios de contato da banda para quem quiser ouvir, assistir os videoclipes da banda ou até mesmo entrar em contato?

Drenna: Estamos em todas as mídias sociais e em todas as plataformas de música digital, é só
procurar Drenna que você vai achar!